[5] Mallu - Pitanga

Mallu Magalhães - Pitanga
FOTO: DIVULGAÇÃO
Mallu

Hora de esquecer aquela adolescente insossa que há alguns anos foi apontada como prodígio pela mídia, citando como referências Johnny Cash e Bob Dylan. Hora de acreditar: a garota irritantemente tímida e meio desengonçada ficou para trás. Hora dos ouvintes contrários deixarem o preconceito de lado. Para quem estava enquadrado neste grupo, os dois primeiros discos de Mallu Magalhães, homônimos, não passaram de trabalhos imaturos e pouco atraentes. Pitanga, o terceiro, é uma prova surpreendente de que a cantora evoluiu muito e em pouco tempo.

Sem o sobrenome Magalhães, e sem insistir nas influências norte americanas, Mallu nos apresenta doze canções sensíveis, sinceras e maduras na medida certa. O recado de Velha e Louca, que abre o disco, é claro: “Pode falar que eu não ligo. Agora, amigo, eu tô em outra”. Logo na primeira faixa, nos primeiros segundos, já é possível perceber a presença forte de Marcelo Camelo. Com o toque dele, o disco dela é melhor que o dele, Toque Dela. O “moreno do cabelo enroladinho”, amado da cantora, atuou de forma decisiva em Pitanga. O hermano está na concepção minimalista, na produção categórica e, principalmente, na inspiração. Apaixonada, Mallu consegue compor e cantar com delicadeza invejável, além de se aventurar em novos instrumentos, como piano, guitarra e bateria. Segurança e espontaneidade do início ao fim deste novo álbum. Cena é arrebatadora e, ao mesmo tempo, graciosa. Sambinha nos faz querer mais da bossa de Mallu, que antes priorizava o folk.

E por falar nisso, o inglês está mais sutil. Canções como Youhuhu, In The Morning e Highly Sensitive contam com belos versos em português. “Toda a dor que me aparece eu te conto, você me cura sem sequer notar”, confessa em Baby, I’m Sure. O tom desembaraçado de Ô, Ana, a sinceridade de Olha Só, Moreno e o afeto dominante de Por Que Você Faz Assim Comigo? mostram uma artista de cara limpa, mais segura, mais experiente, mais feliz. Mallu aprendeu com Camelo que o casual pode se tornar encantador, que a fruta pode ficar madura num estalar de dedos, num assobio. O segredo é em cada canto ver o lado bom.

  COTAÇÃO:   97        [OUÇA]






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