[10] Vitor Ramil - Foi No Mês Que Vem

Vitor Ramil - Foi No Mês Que Vem
FOTO: SATOLEP PRESS
Vitor Ramil

“Tudo isso foi no mês que vem, eu lembro cada momento: Satolep, noite, alcei a perna no pingo e saí sem rumo certo. Limo e verbo, lodo e rima, louca a bala laica, correnteza, movimentos... Oh, vento que vem, pode passar, inventa fora de mim outro lugar! Que lugar é esse? Tudo o mesmo, nada sendo igual, essa água quieta desejando a sede, a louça em mil pedaços no jardim, um céu violetamente céu, os travestis na esquina fazem-me sinais, Garibaldi delira, puxa no campo um provável navio... Só nos falta Nero cantar. Tô vivendo em outra dimensão, possivelmente justo aqui. Existe tanto espaço em mim. O tempo me consome. Que horas não são? Quem se vai ali, olha, sou eu, eu sem noite de São João. Olhando a cena é que eu me sinto vivo; eu, astronauta lírico, em terra. Quiet music in my brain. Ares de milonga vão e me carregam, o vento encharca os olhos, o frio me traz alegria. Nenhuma lágrima, nenhuma dor sequer - a dor que desistiu de mim. Como ser assim, tão só, tão só e nunca sofrer? Em Melancolia a minha alma eu encontrei e me vi feliz. Sei que não tenho idade, sei que não tenho nome. Viajei, viagem boa a gente não enjoa de esquecer que um dia vai voltar”.

O texto acima está em destaque na parte interna do belo disco duplo ‘Foi No Mês Que Vem’. É assim que Vitor Ramil passeia por suas ideias antigas, pelas canções de um amor inconsolável e de beleza única. As horas não importam. Se tudo isso já passou, ele reinventa e recanta. 

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