[15] Thaís Gulin - ôÔÔôôÔôÔ

Thaís Gulin - ôÔÔôôÔôÔ

Ela quer atrapalhar sua escola de samba, embaraçar seu enredo, fazer a bateria correr, amarrar seus foliões com cordas de bandolins. Ela quer esquecer você ao amanhecer, enquanto coleta as cinzas dos carros alegóricos. O desastre premeditado na faixa título expõe o caráter audaz deste segundo disco de Thaís Gulin. Mais madura, a cantora curitibana retorna com disposição e originalidade. ôÔÔôôÔôÔ é um disco perfeito para evidenciar suas qualidades vocais, pela pluralidade rítmica, e sua aptidão como compositora, colecionando poesias cativantes (atenção para Horas Cariocas). O romantismo do dueto com Chico Barque em Seu Eu Soubesse contrasta com o ar agressivo de Revendo Amigos, de Jards Macalé e Waly Salomão. O belo tema instrumental The Glory Hole abre caminho para uma metralhadora de ironias: a canção Cinema Americano não teme sentenças como “Pra ser bom de cama é preciso muito mais do que um pau grande, é preciso ser macho, ser fêmea, ser elegante”. O nobre Tom Zé presenteia a cantora com Ali Sim, Alice, canção fanfarrona impossível até na obra de Lewis Carroll. Moderna e cercada por grandes nomes, Gulin segue destemida como uma criança em busca de aventura. Peripécias como as dela são bem vindas na música brasileira.

  COTAÇÃO:   92        [COMPRE]




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